Me pego olhando o mar e cada detalhe daquela imensidão azul. É como se essa vida não me pertencesse, e cada onda que se quebra diante de mim, me traz a lembrança de tudo aquilo que eu realmente vivi.
Sou como um parasita, me alimento de alguns momentos felizes, me refugio em sorrisos alheios na tentativa de sugar de cada um deles, um pouco de felicidade e paz para aquietar esse meu coração, que hora bate forte, hora quase quer parar...
Molho meus pés no findar das águas daquele mar e me vejo sozinha, despedindo-me do cenário azul e ensolarado que por momentos me permitiu sorrir - mesmo que esse sorriso fizesse parte de uma felicidade que tomei emprestada daquele fragmento da natureza -, e com passos pesados enterrados um por um na areia branca, sigo de encontro a minha casa, pensando em apenas deitar-me na minha cama e enterrar nos sonhos que me adormecem os pensamentos, tudo aquilo que possa vir a me entristecer, deixando assim, ir embora mais um dia parasita, na esperança de que os tempos em que eu me bastava venha a retornar.
Primícia Azeredo